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Escravas da beleza ou imagem e semelhança de nosso Criador?

 


Já tive uma fase em minha vida, em que me escondia das pessoas com o uso excessivo da maquiagem e também, “tentava” me enquadrar, mesmo havendo uma imensa resistência interior. Não saía de casa sem um rímel, base, corretivo, “blush” e batom. Eu acreditava estar dentro daquele cuidado estético feminino... mas, sabe, caro leitor e querida leitora? Quando nos aproximamos, a cada dia, com uma comunhão com Deus por meio da oração e da leitura (devocional) bíblica, tais coisas começam a desmoronar dentro de nós. Porque não é olhar do próximo e do semelhante que me revela “quem eu sou”, mas os olhos do nosso Criador é quem nos (des)vela-(re)velando “quem somos” através do seu amor, do seu perdão e de sua graça. Atualmente, uso, às vezes, uma maquiagem bem natural. Faz uns três anos em que ando com o meu rosto do jeito que é (usando protetor solar sempre!), sem medo ou vergonha… até me acostumei, pois vejo um pouquinho dos traços faciais dos meus pais; o que me fez aprender amá-los! Contudo, desejo lhes contar o que o mundo faz conosco, se o nosso Criador não for o nosso sentido e o nosso horizonte de vida!

Estamos numa sociedade que, por vezes é considerada como “espetáculo” ou “narcisista”. O primeiro termo é proposto na obra intitulada A Sociedade do espetáculo (1977), escrita pelo filósofo Guy Debord, como um ambiente social em que enfatiza o uso excessivo de imagens, falsificando a experimentação da realidade do mundo da vida, tornando as pessoas como meros espectadores e consumidores passivos de imagens. O segundo termo é cunhado por Christopher Lasch, em sua obra intitulada A Cultura do Narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio (1983), em que a imagem é o instrumento de maior relevância na cultura. E vocês, caro leitor e querida leitora, podem estar me perguntando: o que isto tem a ver com o padrão de beleza?

A imagem de um corpo perfeito, seja do homem ou da mulher (que sofre mais com as cobranças e com as exigências sociais, além de permear o imaginário erótico no homem), se constrói em nome da beleza e da aparência, dando a excessiva atenção a exterioridade e restringindo a interioridade. No mundo das imagens, o que é válido é “o que se aparenta” (imagem, que pode ser uma espécie de simulacro ou máscara de um “eu”) e não, “o que é!” (ser). (Parece até platônico, o que vos escrevo, não é, caro leitor e querida leitora?!). Isto é um reflexo “discreto” de um mundo, cada vez mais globalizado e capitalista, em que prioriza ação, a velocidade, o fazer agora e o ato imediato.

O corpo, especificamente feminino, se transformou em um produto de consumo e de ser imitado por modelos ideais. As mídias impressas, cinematográficas e digitais utilizam um modelo padronizado de corpo para transmitir o ideal de identidade de uma mulher ou de um homem, com base no consumo de procedimentos estéticos como produtos cosméticos, intervenções cirúrgicas, excessivas atividades físicas, aplicações de ácidos ou tratamentos dermatológicos e dentre outros. A identidade de uma pessoa, conforme a nossa sociedade, não vem de “dentro” (interior: minha personalidade, minhas emoções, meus pensamentos e reflexões… o ser), mas de “fora” (exterior: o ter, o que aparenta, as fotos, os vídeos…). Tal busca por um corpo ideal ou melhor, pela beleza, tem gerado frustrações emocionais, insatisfações com o seu corpo projetando-se em seu “eu” (identidade) e processos de comparações com as demais pessoas, resultando em um complexo de inferioridade. Indiretamente, caro leitor e querida leitora, tais sentimentos geram inveja, descontentamento e principalmente, uma escravidão. Por quê?

Primeiramente, correr atrás da forma excessiva de um corpo magro, malhado e perfeito (conforme os padrões aí transmitidos!) gera o incessante desejo de querer atrair o olhar do outro, que é um dos fatores que sustenta a procura pelo padrão de beleza. Isto, caro leitor e querida leitora, não deixa de ser uma maneira de “querer fazer o semelhante me cobiçar” (fantasiar o corpo como objeto sexual sem haver um “eu ali dentro, entende?) ou “desejar ser como eu” (inveja).

A pessoa que quer despertar o desejo no outro, o seu prazer consiste em alcançar este propósito de forma narcisística. Tal desejo de ser capturado pelo olhar do outro, para ser admirado, desejado e até invejado, leva a pessoa a imputar um valor padronizado de beleza e se sacrificar pelas suas imposições, fazendo-a a crer que será um caminho para uma vida feliz e realizada, socialmente. Por isto, o padrão de beleza sempre está atrelado a satisfação de desejos de ascensão social, universitária, profissional, “romântica” e sensual. A relação entre a padronização do corpo (feminino ou masculino) e o sucesso se encontra no imaginário social, propagado pelas mídias impressas, cinematográficas e digitais que as valorizam e ajudam ditá-las.

O padrão de beleza mantém uma correspondência com o comportamento narcisista, porque a pessoa em sua vivência, vê a si mesma como perfeita, bela e maravilhosa, sem espaço para qualquer falhas e imperfeições. Então, a pessoa investe em si, orientada pela padronização de “ser bonita e bela”, na procura do investimento no outro. Num primeiro momento, a pessoa deseja que os outros a admirem e olhem. Depois, busca tentar corresponder as expectativas do olhar do próximo, que de forma mais ampla, é a sociedade com a sua padronização estética do corpo! Assim, como bem indica Rosita Esteves,


[…] a sociedade cria um ideal narcísico que é imposto para as pessoas, e estas vão se submeter e se empenhar para corresponder, mesmo que inconscientemente. (ESTEVES, 2012, p. 211).


Aqui, caro leitor e querida leitora, nos deparamos com um impasse: se somos a imagem e a semelhança de Deus, então um padrão de beleza não deveria ser o nosso modelo, pois elas tendem a favorecer a exterioridade (a velha criatura, o odre velho, “o que éramos”, o antigo “Adão”…). Lemos em nossas Bíblias o seguinte a respeito das mulheres cristãs:


Não consista o vosso adorno em exterioridades, como no trançado dos cabelos, no uso de joias de ouro, nem no trajar vestes finas, mas nas qualidades pessoais internas, isto é, na incorruptibilidade de espírito manso e tranquilo, que é coisa preciosa diante de Deus.

2 Pedro 3, 3-4, trad. Bíblia de Jerusalém.


Este texto bíblico se encontra em um contexto voltado para as mulheres casadas. Mas, como estamos realizando uma leitura bíblica para os nossos dias, observe o que Pedro enfatiza: “Não consista o vosso adorno em exterioridades […], mas nas qualidades pessoais internas […]”. O que isto quer dizer? Que não devemos nos preocupar com a beleza exterior, com aquilo que é aparente, passageiro e transitório, mas com a interioridade – o nosso mundo interno, psíquico, emocional e racional, que, conforme a perspectiva bíblica, seria a nossa mente, o nosso coração e o nosso corpo (templo do Espírito Santo! - 1 Coríntios 6, 19). Devemos nos preocupar com a mudança de mentalidade operada no momento em que (re)nascemos em/com Cristo Jesus. É ter adornos na novidade que é trabalhada por Deus através de Seu Espírito, dentro de cada um de nós!

A adesão a um padrão de beleza difundido pela sociedade pode indicar uma tentativa de identificação a serviço de encobrir falhas na identidade e também, desencadear o afastamento da interioridade subjetiva de uma pessoa, gerando transtornos de identidade (e personalidade). Quando se fala de identidade, queridos e queridas, estamos dizendo a respeito de uma pessoa que tem características próprias, exclusivas, únicas e distinta das outras pessoas, ou seja, a “nossa personalidade”. Já a identificação de uma pessoa se encontra na assimilação de propriedades e características de um outro sujeito, que é visto/interpretado/tomado como um modelo ou arquétipo, tornando-se de modo parcial ou completo. Um exemplo de identificação é:


Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, assim como Cristo também vos amou e se entregou por nós a Deus, como oferta e sacrifício de odor suave.

Efésios 5, 1-2, trad. Bíblia de Jerusalém.


Não se espante, queridos e queridas. O nosso modelo, exemplo e “arquétipo” é e sempre será Jesus Cristo, nosso Senhor, Salvador e Sabedoria de Deus. Nosso padrão não só de beleza, mas de tudo em nossa condição humana, deve ser sempre Cristo! Por isto, que estou a escrevê-los a respeito de padrões de beleza, porque é uma construção social, produzida e disseminada por um determinado grupo social em um momento histórico e local situado. A noção de beleza numa mulher ou num homem é um produto cultural excludente e imagético. É algo, caro leitor e querida leitora, que se contrapõe aos valores do Reino de Deus e torna as pessoas em prisioneiras de um imaginário ideal, que é passageiro, transitório e instantâneo. Isto, porque o corpo deixou de ser visto como a “própria pessoa encarnada” (ou, conforme a nossa vida cristã, em templo do Espírito Santo) para se tornar em um capital e produto de consumo, que necessita de investimento econômico e intervenções médicas para que sejam atingidas as exigências de beleza perfeita.

As pessoas que se deixam levar pela padronização de beleza, quer transformando o corpo através de tratamentos estéticos, cirurgias plásticas, excesso de atividades físicas, dietas restritivas, abuso de maquiagem e consumo exagerado de cosméticos estão deslocando os seus conflitos interiores para a ideia de que se enquadrando ao ideal de corpo transmitido pelas mídias, estará eliminando as angústias, os descontentamentos, as frustrações, as rejeições românticas, a inveja, a cobiça, a falta de trabalho, a ausência de uma autoestima e tantas outras situações existenciais. Isto, caro leitor e querida leitora, é o que o sistema mundano quer nos fazer pensar!

Uma mulher se transformando em uma “Barbie” ou um homem se tornando em um “Superman”, tais estarão livres de problemas cotidianos e de sua imagem. Não… uma padronização estética no corpo, na face e na realidade (a vida como um espetáculo – reality show, redes sociais…) não poderão substituir as necessidades interiores-subjetivos. Daí, que algumas pessoas que tanto privilegia a autoimagem e a sua beleza corporal padronizada, em algum momento de suas vidas, se depararão com a falta de sentido nas suas vidas, mergulhando em um abismo de tristeza, frustração e angústia.

Como cristãs e cristãos, e isto aprendi com a minha caminhada com Deus, só o olhar do Senhor é que nos (re)vela e (des)venda a verdadeira beleza em nós e a nossa verdadeira identidade (o que somos). A maquiagem se passa para algumas horas e depois se tira com água e sabão. Roupas com o tempo de (re)lavagens, rasga ou desbota. Nosso corpo, todos os dias, envelhece. Mesmo diante de toda essa transitoriedade, a nossa interioridade é sempre (re)novada, todos os dias, pelo amor de Deus que está em Jesus Cristo. (Re)nascendo no Espírito, os padrões de cada tempo social com as suas respectivas mutações culturais, não violam e nem agridem aquele que está em Cristo Jesus. Sabe, por que, caro leitor e querida leitora? Porque sabemos quem somos em Deus por meio da ação salvífica e libertadora conquistada pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, que dá sentido a nossa existência e a nossa vida.

Saiba, queridos e queridas, que não estou dizendo que devemos parar de cuidarmos de nossa saúde por meio de uma boa alimentação ou de alguma prática de atividade física. Não sou descartando a ideia de cuidarmos de nossa autoestima. Não! Escrevo-lhe sobre esta questão, porque parece que as nossas comunidades cristãs estão permeadas deste tipo de padrão de beleza, que exclui as moças e os rapazes que, verdadeiramente têm buscado a sua beleza no temor e na comunhão com Deus. Tem-se dado muita relevância aquilo que é aparente, maquiado, imagético e não, ao caráter trabalhado constantemente pelo nosso Oleiro. Alguns irmãos e algumas irmãs têm deixado esses padrões, ditarem a sua própria identidade, tornando-os prisioneiros. Além disto, aqueles que não se enquadram naqueles requisitos, por vezes, são julgados com olhares inquiridores.

Queridos e queridas, fomos chamados através de Cristo para a liberdade, mas temos que ter cuidado para não sermos aprisionados pelas correntes ou jaulas da escravidão. O padrão de beleza é uma forma de prisão, pois faz a pessoa se projetar para adequar as correspondências do olhar de outro ser humano (despertando a cobiça, o desejo ou a inveja – frutos da carne: Gálatas 5,19-21) e não, buscar (des)cobrir-se e (des)velar-se através do olhar do Seu Criador, que nos faz amar, porque Ele nos amou primeiro (1 João 4, 10). Vive para satisfazer o outro e não, glorificar o seu Criador com tudo o que faz em sua vida (1 Coríntios 10,31). Lembre-se que a Igreja, que é a comunhão dos santos e a noiva de Jesus Cristo, não deve procurar se adaptar aos padrões deste mundo excludente, corrupto e injusto. Antes, a Igreja de Jesus Cristo deve fazer a diferença, porque somos a luz deste mundo e este, vendo as nossas obras oriundos dos valores do Reino de Deus, glorificarão ao nosso Pai que se encontra já entre nós! (Mateus 5, 14-16).


Apoio bibliográfico:


DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Coletivo periferia. Disponível em: <https://www.geocities.com/projetoperiferia>. Acesso em abr. 2018.


ESTEVES, Rosita. Padrão de beleza: (des)equilíbrios. In: CARLI; Ana Mery Sehbe de; VENZON, Bernardete Lenitaa Susin (Org.). Moda, sustentabilidade e emergências. Caxias do Sul: EDUCS, 2012. p. 207-217.


LASCH, Christopher. A Cultura do Narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio. Rio de janeiro: Imago, 1983.


PINHEIRO, Maria Claúdia Tardin; FIGUEREDO, Patrícia da Motta Vieira. Padrões de beleza feminina e estresse. Revista CADE, v. 11, n.1, p. 123-141, s/a.


SAMPAIO, Rodrigo P. de A; FERREIRA, Ricardo Franklin. Beleza, identidade e mercado. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.15, n.1, p. 120-140, abr. 2009.


VILHENA, Junia de; MEDEIROS, Sergio. A violência da imagem: estética, feminino e contemporaneidade. Revista Mal-Estar e Subjetividade, Fortaleza, v. V, n.1, p. 109-144, mar. 2005.


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