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Mostrando postagens de 2017

E os ventos impetuosos da corrupção brasileira... Será que a múltipla tarefa dos poderes têm culpa?

Com os ventos corruptos nos ares políticos em terras brasileiras, as pessoas sempre tendem e restringem tal problema apontado à dimensão financeira, deixando a mercê o comprometimento dos ideais de uma República. (Re)conhecendo que se tem debatido muito acerca da corrupção no país, relevando seus motivos e suas possíveis causas, o presente ensaio enseja expor, em primeira instância, uma reflexão sobre as noções de equilíbrio (contrapeso) e os freios do poder advindos do pensamento político de Montesquieu e desenvolvida com mais profundidade pela política norte-americana, por meio de "Marbury v. Madison". Expondo em linhas gerais tanto a proposta política de Montesquieu e da concepção federalista norte-americana, além das suas diferenças no que tange aos interesses individuais dos cidadãos, será refletido se as múltiplas entrada de tarefas de um poder sobre o outro pode favorecer a corrupção nas dimensões políticas brasileiras. Consoante a tal, será expondo a seguinte per

A dialética do SER e do TER nas diretrizes humanas

Em meio as lutas e as batalhas que a vida nos direciona, percebo que mesmo diante destas, há pessoas que transbordam alegria e esperança em seus corações. Às vezes, podem estar passando fome ou vivendo sob uma condição precária, mas demonstram que a felicidade não é o “ter”, mas sim o “ser”. Tal ponderação acima, me faz pensar que nós não estamos tão bem desenvolvidos como “seres” humanos. Nós, atualmente, nos preocupamos com as aparências, status sociais e olhamos para o próximo sempre à “margem”. Buscamos uma realidade que não cabe aos nossos pés, pois estes pisam num chão, onde há rachaduras e erosões. O chão, que sonhamos em pisá-lo, é um espetáculo de estrada, onde existem flores, árvores, lagos e um céu constantemente ensolarado, mas nunca chuvoso e nublado. Alimentamos em nossa alma, falsas esperanças por coisas que não complementarão o nosso “ser”, mas aquilo que nada nos vale: o “ter”. O “ter” é mais importante do que “ser”. O “eu” é mais importante do que o “tu”. “Eles

O que é mais valoroso: a vida humana ou os dogmas rigorosos da religião?

A Parábola do Bom Samaritano, encontrada no Evangelho de Lucas 10.25-37, é uma das passagens bíblicas mais conhecidas pelas pessoas religiosas ou "não-crentes". Mas antes de apoderar-se da reflexão de tal parábola, se faz necessário compreender a intenção de Jesus ao utilizar a imagem de um samaritano que teve com-paixão e misericórdia pela vida de um judeu. Vale lembrar em linhas gerais, que judeus e samaritanos não mantinham boas relações, devido a sua formação étnica, política e especialmente, religiosa. A partir de uma breve contextualização histórica acerca do conflito entre os judeus e os samaritanos, será possível entender o ensinamento de Jesus sobre "Quem é o/a meu próximo/próxima?", pergunta advinda dos especialistas (ou doutores) da lei judaica no período neotestamentário. O livro de 1 Reis 12 indica as circunstâncias que levaram a complexa e a conflitante relação entre judeus e samaritanos, que é a separação entre as tribos do norte e do sul. Após

"Sociedade dos poetas mortos" é uma forma de pensamento filosófico?

O cinema, assim como outras manifestações artísticas, é um meio de construção de pensamento filosófico, devido à constituição da narrativa fílmica em problematizar conceitos oriundos da realidade humana em nível de elementos ficcionais. Doravante a isto, o presente texto busca compreender como e porque é possível que o filme estadunidense intitulado Sociedade dos poetas mortos (1989), do diretor Peter Weir, possa ser caracterizado como filosófico. Além de pincelar implicitamente as prováveis relações entre o supracitado filme e a filosofia, tendo como fio condutor o pensamento do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e da filósofa brasileira Marilena Chaui. Em se tratando da trama do filme Sociedade dos poetas mortos, a história se desenvolve em uma escola tradicional dos Estados Unidos, a Welton Academy, que busca preparar os estudantes em suas devidas carreiras profissionais. Em Welton Academy, os alunos são educados aos moldes de quatro fundamentos: a tradição, a honra,

Testemunhos, palavras, mensagens e ... uma história bíblica também de MULHERES!

Todas as vezes que me deparo com um sermão ao domingo à noite em alguma igreja de tradição protestante, sinto-me desconfortável pelo silenciamento das mulheres discípulas no movimento de Jesus nas construções homiléticas dos pastores/missionários (até mesmo, muitas pastoras acabam reproduzindo o silenciamento) . Existe uma concepção bíblica "popular" nas igrejas protestantes que intenta incluir as mulheres num tipo de discipulado que tem como princípio normativo o masculino, o que evidencia uma desigualdade perante ao serviço eclesial. Mas, o fato é que a história da primeira comunidade tem que ser compreendida, como: (1) uma história de judeus de nascimento e não, de gregos e romanos; (2) uma história de uma classe social baixa, constituída por um grupo marginalizado; e (3) uma história que envolve um movimento não só constituída de homens, mas de mulheres que seguiam Jesus, ou seja, uma história de homens e mulheres em plena igualdade no discipulado .  Nos evangelhos s

Entre a alegria e a tristeza: um olhar sobre a vida cotidiana

Uma das coisas que mais aprecio na Bíblia e em outras literaturas, é que estas permitem fazer uma série de (re)leituras nos devidos contextos históricos, sociais e culturais do humano. É claro que se tem que ter cautela quanto a interpretação daquela, pois se transmite não só uma sabedoria confessional da experiência do Sagrado, mas exprime em seu fundamento máximo uma expressão sociocultural , o que não deve ser levado a uma rigidez moralista, já que a cultura ora vigente se situa em outras bases. Reconhecendo a "essência de que há por trás das letras" e os limites hermenêuticos que envolvem a Bíblia, o que se propõe realizar é apenas uma reflexão existencial acerca da alegria e da tristeza nas curvas de níveis da vida, utilizando como fio condutor o texto bíblico de João 16.20-21. O capítulo do livro de João 16 ilustra um ensinamento de Jesus sobre a certeza escatológica a respeito dos sofrimentos que iriam proceder nos últimos tempos e a alegria triunfante que se ma

Falar de amor... que loucura!

É um tremendo delírio nostálgico falar de amor, mas saiba que é algo difícil e complicado aos meus olhos, pois ainda não (des)velei se o amor está rodando na sociedade como tal. Contudo, mantenho a esperança de que algo maravilhoso está acontecendo nas relações humanas, intrinsecamente baseadas no princípio do amor, sem o meu (re)conhecimento sistêmico. Sei que amar é uma ação dolorida, ao mesmo tempo em que é um privilégio de senti-la e experimentá-la junto da/o outra/o. Amar requer renúncias e sofrimentos para um bem maior. Aprendi acerca do que é amor, através do relacionamento dos meus pais e dos meus avôs maternos. E desejo expor uma situação que ilustra o amor entre duas pessoas: Minha avó materna ficou aproximadamente quatro meses internada no hospital em coma. Após tais meses, retornou à nossa casa, mas ocorreu um imprevisto inesperado: meu avô adoeceu e foi para outro hospital, desencontrando com a minha avó. Diante dessa situação, meu avô, por não ver a avó todos os

Damaris Cudworth, a filósofa inglesa da liberdade, da razão e da virtude

As breves linhas que serão delineadas a partir de agora, serão em torno de uma das primeiras filósofas inglesas a conhecida Damaris Cudworth, Lady Masham (1658-1708). Filha do filósofo  cambridgense Ralph Cudworth e interlocutora por amizade de John Locke e G.W. Leibniz, a filósofa inglesa não recebeu uma formação educacional institucionalizada, mas teve a vantagem de nascer em uma família com uma ampla biblioteca em seu lar. Mesmo que seu pai seja um homem dotado educacionalmente, esse não a ensinou nem o latim e nem o grego, mas parece que o francês foi considerado necessário para a sua filha ser uma dama na época. Daí, a Lady Masham aprendeu tardiamente o latim, seguindo o método recomendado por John Locke em Some Thoughts Concerning Education . O interesse de Damaris Cudworth pela filosofia foi advindo das leituras dos platônicos de Cambridge, incluindo o seu próprio pai e alguns filósofos naturais, como More e Smith. Se faz necessário compreender a influência que a Lady M

Pela misericórdia, os seres são gerados pelo útero divino comovido pela compaixão...

Diante de tantas obras teológicas na área bíblica, surgem as dificuldades de encontrar teólogas/os que estejam dispostas/os a clarear acerca da simbologia da palavra "útero" no Primeiro Testamento, além de ampliar os conhecimentos sobre as questões bíblicas que envolvem tal expressão simbólica. A teóloga feminista Silvia Schroer expõe que " [...] apesar de esse termo [útero] ocupar um lugar tão central na antropologia bíblica, Hans Walter Wolff, por exemplo, negligenciou-o totalmente ." (SCHROER, 2008, p.156). Consciente ao que foi exposto pela teóloga, será buscado o significado da palavra "útero" no Primeiro Testamento com as suas várias atribuições que estão vinculados ao humano. Após esses trilhos significativos, será realizado uma relação interconectiva das simbologias "útero", "compaixão" e "misericórdia", onde se mesclam tanto no humano quanto em YHWH. Através de tais expressões, é possível perceber que Deus po