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Mostrando postagens com o rótulo Contos

A Casa

  Chegando em casa, encontrei os meus cômodos bagunçados. Fiquei pensando, o que poderia ter acontecido. Será um arrombamento? Será um vento impetuoso? Não me recordo de tê-la deixada desorganizada... Sentando-me em minha poltrona cinza, me veio uma elucidação: esta casa é a minha interioridade. Esta casa representa o meu ser. Mas, gente, como isto tudo aconteceu? Inconscientemente, sei do motivo. Mas, sabe, quando a sua consciência não deseja se despir? Sabe, quando você reconhece o verdadeiro motivo, mas tenta “tampar o sol com a peneira”? Pois é, sou este tipo de pessoa que, às vezes, foge daquilo que está aí. É, Manu, você não tem jeito! Eu mesma arrumo conflito… Mas, isto não é advindo do processo de humanização? Tentamos sempre fugir daquilo que nos aborrece. No entanto, chega um momento, em que não existe porta e nem janela para escapar. É preciso encarar, mesmo que doa. É necessário enfrentar a situação, apesar do medo. Levantando-me para tomar uma xícara de chá-mate, fi

Natal, a plenitude da Vida

  No dia 25 de dezembro de 2007, uma família de quatro pessoas passou próximo de minha casa e estranhara. Não viram nenhum enfeite natalino nas portas e nas janelas. Não havia pisca-piscas em nenhum pilar. Nem papai Noel e renas. Tudo isso lhe causaram uma confusão. Mas, em compensação, ouviam muitas gargalhadas. Sentiam o cheirinho de longe, das refeições completamente opostas ao típico costume natalino: comer um bom chester ou peru. Curiosos, depois de algum tempo, chamaram no portão de meu lar. Bateram duas vezes, para depois chamarem o meu nome. Com um sorriso saltitante, eu os atendi. Afinal de contas, era natal! Quando os atendi, vi que a curiosidade estava tomando conta de suas almas. Habituados na cultura natalina contemporânea tentaram olhar para dentro de minha varanda. Nela, estava exposta uma mesa acompanhada com peixes grelhados com laranja, pães ázimos, frutas, salada de alface com tomate, suco de uva e água. Observando o comportamento deles, resolvi convidá-los a entr

A (com)partilha

  Um pai de família havia abatido um boi para festejar a divisão dos bens entre seus filhos e filhas. Sua esposa o ajudou nos preparativos da mesa e também, de comunicar com os seus filhos e suas filhas o local que iria ser apresentado a partilha dos bens. Animada com a reunião, a matriarca da família pediu aos seus funcionários que, levassem a mesa, que encontrava-se na sala de jantar, para a varanda de frente ao jardim de sua propriedade. Vendo do curral, o movimento organizado por sua esposa, o fazendeiro alegrou-se de tamanha proporção, que deu ordens ao seu paisagista que preparasse o jardim para caminhadas dos seus filhos e das suas filhas, pois haveria cantorias de violas e acordeões reforçando as esperanças e os sonhos pelo porvir. Tudo foi organizado, pensando não só em um filho ou uma filha, mas pelo bem comum de todos e de todas. Entardecendo, o pai de família encaminhou-se para a sua casa em vista de banhar-se e vestir-se à caráter para a reunião que organizara. E o mesm

Conto-te sobre o Pescador!

Minhas lágrimas são tantas, que estou afogando-me. Cada gota que cai sobre o chão está tornando-se, não em uma poça, mas num oceano. A dor de ser finita, incapaz e impotente, me faz ter medo de navegar neste mar. Não consigo nem sequer mergulhá-lo. Não sei velar com o barco. Meus pés estremecem só de pensar em molhar as pontas dos dedos. Não consigo olhar nas profundezas deste oceano, apenas em sua grandeza infinita. Ah, eu tento correr para longe do mar… Mas, esqueço-me que quem o criou fui eu mesma. Minhas lágrimas são água sem sal. Mar agitado. Altas ondas. Tempestades obscuras. Não há nenhuma poluição sequer. Existe apenas eu. Há dores silenciadas. Há gemidos. Há frustração. Há uma alma inquieta. Há uma tentativa de desesperançar-se. Eis que se aproxima o Pescador , dizendo-me: – Cadê a sua fé? Por que temes o mar? Venha andar sobre ele, minha menina. Vamos triunfar juntos! Eu a amo, desde que você era uma menininha recém-nascida. Recorda-te que você foi, por várias vezes, a minha

Na sala de espera do Homem-médico

  Eis que encontro-me na sala de espera. Ninguém encontra-se por aqui, apenas eu. As lâmpadas estão enfraquecidas. Parece que a qualquer momento, podem apagarem-se lentamente. Não sei, se eu gostaria de ficar no escuro… A escuridão pode deixar-me aflita. A desesperança pode surgir como uma sombra, por detrás de meu corpo. Ela pode tentar ferir-me, lançar-me palavras estúpidas de que Ele não virá atender-me. Mas, de qualquer jeito, terei que acreditar Nele. Necessito confiar Nele. Se Ele disse-me que iria atender-me, então, o jeito é esperá-lo. Tenho a impressão de que estou parada. Parece, aos meus olhos, que tudo está imobilizado. Não há ar. Não existe brisa. Será uma sensação? Ou a ansiedade de que as coisas aconteçam de imediato? Por que Ele está demorando tanto? Já encontro-me, nesta sala, há anos… Deve-se fazer uns oito anos, que encontro-me sentada a sua espera. Todos os dias, eu luto re-lutando contra o desejo in-desejável de querer sair daqui. Mas isto é o que as sombras cau

A culpa não é de Deus... É minha!

       Às vezes, eu, P. Roberto, me pergunto: por que abato tanto o meu coração com coisas vãs?  Por que não consigo enxergar que na liberdade está Deus? Por que me aprisiono em gaiolas, produzidas pelo homem? Por que tomo as verdades dos homens como as minhas?  Por que não consigo enxergar o horizonte amigo, o sol a brilhar, as estrelas a radiar e a lua iluminar?    A liberdade está no amor de Deus. Deus liberta o humano das gaiolas dogmáticas da religião. Deus liberta o homem da sabedoria dos cientistas, para viver a liberdade da loucura de ser livre na gratuidade divina. Quando o homem se perde no horizonte do humano, Deus o resgata ao encontro de si mesmo, pois é através do encontro é que se encontra o amor divino e graça. Encontrando a si mesmo por meio do processo de ser livre, começa-se a caminhar pela graça do caminho. Caminho sem começo, sem meio e sem fim. Não precisa de início e nem de finalização, pois a graça divina encerra em si mesma. Deus dá a liberdade para

Foi o que Ele me deixou: uma rosa e um pão!

  Sinto-me caminhando às cegas. Parece que a escuridão deixou de ser uma hóspede e tornou-se uma moradora em minha casa. Meu lar anda cheios de intrusos, aos quais já expulsei... Mas, eles continuam ali. Não sei o que fazer. Não fui ensinada a lutar contra os vândalos. Não tenho ação. Não sei como reagir. Apenas estou sendo prisioneira das trevas...    As trevas nunca entram pela nossa casa, sem a nossa permissão. Sabe.... Sei que, eu, Lorena, permiti que estes convidados estranhos se hospedassem em meu lar. Só não sabia que eles devoravam as paredes, os moveis, os álbuns de família, os livros, os discos de vinil e principalmente... minha alma! É terrível, é horrendo, é apavorante a prisão que me submeti!   Cara... Juro que eu achava os camaradas legais, elegantes e finos. Com o passar dos tempos, suas belezas e doces palavras foram sendo diluídas por um terrível tormento e angústia. Usurparam-me de viver a vida. Privaram-me de ser livre. Lançaram-me no calabouço obscuro. Acu