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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Maternidade verticalizada na horizontalidade

  Pode parecer estranho, o que vou escrever-lhe: ser mãe é saber e (re)conhecer, humanamente limitada, como Deus “sente-se” ao doar-se uma parte de si próprio a sua criatura humana, por amor. Não é preciso ser religioso, para observar que a maternidade é um privilégio de dar-se um pouco de si. E acrescento: as mães, mesmo doando os seus valores éticos e a sua educação aos seus filhos, eles podem escolher de forma livre, o que desejam projetar-se ao mundo. Esta é uma realidade que muitas mães enfrentam! Geram as suas crianças em seus ventres, não só biologicamente, mas emocionalmente. Preocupam-se, mesmo que seus filhos não lhe dão satisfação de suas escolhas (e consequências). Zelam pelas suas vidas, tentando os proteger, mesmo sabendo que eles agem de má-fé ou antiético. Mães resumem-se assim: sabendo que seus filhos estão errados ou equivocados com as suas escolhas de vida, ainda mantêm os seus braços abertos, esperando-os aparecer com o pedido de perdão e (re)conciliação! Quantas

O Re-torno do filho pródigo retratado por Rembrandt: uma leitura teológica

  A Volta do filho pródigo (1666-69) A arte sempre foi um instrumento de contemplação estética, ao mesmo tempo em que pode-se unificar aquilo que é absoluto (transcendência) e aquilo que é temporário (tempo humano). Diversificada em seus vários estilos e valores artísticos, pode-se dizer que a arte tem um duplo caráter: (1) informar ou visualizar uma história; ou (2) expressar ou suscitar uma reflexão existencial em que a contempla. No presente texto, pretende-se lançar mão da arte do seu caráter “devocional”, pois a obra de Rembrandt intitulada “A Volta do filho pródigo” (1666-69) , remete-nos a este nível de meditação teológica. Rembrandt Van Rijn (1606-1669) trabalhou, conforme a tradição protestante holandesa e deu uma nova percepção sobre a vida cotidiana, proporcionando-lhe uma profundidade e sentido. Segundo os autores Pereira (2006) e Vieira (2013), o artista holandês foi em sua juventude, um homem que teve fama e riqueza; o que o permitiu ser rebelde, prepotente, ambicioso,

A Tragédia dos sacrificadores das ovelhas do Bom Pastor

  Leonardo Boff, teólogo católico, escreveu em sua obra Experimentar Deus: a transparência de todas as coisas , que Experimentar Deus não é pensar sobre Deus, mas sentir Deus com a totalidade de nosso ser . Experimentar Deus não é falar de Deus aos outros, mas falar a Deus junto com os outros . (BOFF, 2011, p. 7, grifo nosso). O que mais vejo são pessoas falando de Deus aos outros, em vez de estar junto do outro. É fácil falar, dizer e teologizar a respeito de Deus aos outros. Direcionando somente palavras aos outros, eu não necessito de testificar em meu corpo, as marcas daquilo que “falo sobre… Deus”. Apenas lanço palavras, sem querer gravá-las em minha interioridade. Quando as gravo em minha interioridade, a minha exterioridade perante o mundo, testemunha a mudança, a transformação e o metamorfosear, que ocorre(u) ao viver nas Pessoas trinitárias. Até porque, só é passível de autentificação o falar carregado de marcas, cicatrizes e cruz(es) no corpo. As marcas e as ci

Quatro características da igreja (in)visível de Jesus Cristo: uma breve leitura de Atos 2.42-47

  Como estamos no início de fevereiro, nada melhor do que falar da Igreja de Jesus Cristo, registrada no livro de Atos 2:42-47 . Trabalhei com este texto bíblico, em meu trabalho de conclusão de curso da especialização em Sagradas Escrituras. Contudo, não irei expor todo o conteúdo do artigo. Isto, porque, no Tecendo os fios da existência , viso esclarecer o entendimento de certas passagens bíblicas em vista de enriquecer a nossa caminhada no seguimento de Cristo Jesus. Então… Vamos ao texto: Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos , à comunhão fraterna , à fração do pão e às orações . Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens , e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um . Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o aliment